Entre as correntes psicológicas que se desenvolveram a partir da psicanálise, as teorias desenvolvidas por Carl Gustav Jung atribuíram aos sonhos um papel mais abrangente na vida das pessoas. Para ele, os sonhos são uma ponte de ligação entre os níveis inconsciente e consciente, e não apenas uma maneira pela qual o aparelho psíquico deixa revelar desejos ocultos, mas sim o modo como o psiquismo fornece à consciência elementos de equilíbrio por meio de uma atitude compensatória. Na busca por esse equilíbrio, personagens arquetípicas interagem nos sonhos em um conflito que procura trazer ao consciente os conteúdos do inconsciente. Entre essas personagens, estão a “anima” (força feminina na psique dos homens), o “animus” (força masculina na psique das mulheres) e a sombra (aspectos indesejáveis de nossa personalidade). Dessa interação, surge a possibilidade de que a carga emocional envolvida nos complexos seja - via sonho - trazida à tona, tornando-se “patrimônio” consciente do indivíduo, proporcionando alívio na apresentação de seus sintomas.
Segundo Jung, os conteúdos do inconsciente são simbólicos, ou seja, são elementos aos quais estariam associados uma imensidade de significados não disponíveis ao nível consciente. São heranças recebidas da humanidade e estariam “armazenadas” no que ele chamou de “inconsciente coletivo”, através do qual, alguns traços e imagens inconscientes seriam comuns a todas as pessoas.
Em razão dessa apresentação na forma de símbolos, os sonhos freqüentemente mostram imagens que nos parecem ridículas, banais e muitas vezes contraditórias. Se parecem tão diferentes da maneira como pensamos enquanto nos encontramos no estado de vigília que nos sentimos inclinados a dar-lhes menos importância. No entanto, Jung afirma que eles se movem no sentido de proporcionar um diálogo entre os níveis de nosso psiquismo, reclamando a resolução de problemáticas que afetam o ser - humano.
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