sábado, 14 de maio de 2011

Algo sobre o Modelo Biomédico


Ao assistir ao filme “Ouvindo os desejos da comunidade” é possível perceber o quanto o modelo biomédico está difundido no meio social e, em função disso, o quanto é comum que as pessoas associem saúde a uma boa oferta de serviços médicos, atendimento 24 horas para as emergências de qualquer hora e receituário farto para todas as doenças. Salvo algumas opiniões, a maioria dos entrevistados dá a entender que saúde para eles é isso: médicos no posto de saúde e prescrição de medicamentos para o momento da doença quando esta vir a existir. Essas opiniões correntes na sociedade são o reflexo do pensamento dominante na classe médica que é preparada para dar atenção à doença quando essa já está instalada, tornando necessárias as intervenções medicamentosas e/ou cirúrgicas, que conforme Fritjof Capra, freqüentemente causam mais sofrimento que a própria doença que se pretendeu extinguir.
     Ainda sobre o filme, alguns dos participantes falaram em boa alimentação, sono adequado, água tratada, atenção, presença dos familiares, amor, etc. como sinônimos de saúde. Com isso se referiam a alguns elementos que garantem a manutenção da saúde. Falavam em prevenção. Ao se referirem a esses elementos, citaram inclusive fatores emocionais e talvez sem querer, fizeram um contraponto ao modelo biomédico que não considera a instância psicológica e muito menos os fatores sociais produtores de adoecimento, detendo-se apenas no corpo e nas suas subdivisões possíveis com a intenção de localizar a doença.
     O modelo biomédico é limitado por isso. Aliás, é de se questionar se essa limitação não é algo proposital. Afinal, esse modo de funcionamento é muito lucrativo para a indústria farmacêutica, para a mídia que a promove e para a própria classe médica.      Assim, é possível entender o porquê da sustentação de tal modelo, pois se pelo contrário, se trabalhasse com a promoção da saúde, não haveria tanto lucro para a iniciativa privada e sim economia nos cofres públicos. À mídia cabe o papel de propagar essa idéia de corpo como algo passível de adoecimento a todo instante e altamente suscetível a invasões bacterianas, dando ao grande público uma imensa impressão de fragilidade, o que leva as pessoas a não pensar duas vezes antes de ter gastos excessivos com medicamentos e afins. Essa fragilidade “imposta” parece ser um meio de encobrir a verdade sobre as capacidades defensivas do próprio organismo. Em se tratando de mercado publicitário, não é difícil de chegar a esse pensamento.
     Por promoção da saúde, entendi que se trata de orientação, atendimento humanizado, criação de grupos de apoio e de atividades físicas, campanhas de saúde direcionadas etc., ou seja, um trabalho realizado no sentido de se evitar a doença ao invés de se ter de tratar no futuro uma doença degenerativa fruto, entre outros fatores, da falta de prevenção. Vendo desta maneira é possível entender que até mesmo uma melhora na educação formal já seria uma importante política de promoção da saúde. 
      O modelo biomédico tem a saúde como inexistência de doença e o foco somente nesta última acabam por deixar de lado a discussão sobre o que é a saúde em sua mais ampla significação. Por isso vende-se uma falsa expectativa de cura como um retorno ao estado anterior ao adoecimento - o que se impõe como impossível - quando seria necessário auxiliar o indivíduo a encontrar novas formas de viver bem em sua nova situação.  
       Triste constatação a de que por trás do modelo vigente estão graves questões éticas e morais que se impõe como verdade a toda população e se sustenta ao longo do tempo. Tais “verdades” estão tão arraigadas na sociedade que para haver uma mudança de paradigma seria necessário uma profunda mudança na forma de pensar saúde, doença e cura na população, na classe médica e na universidade que a forma.
(Trabalho de Psicologia da Saúde)

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Eu? Vivíparo? (Artigo de David Coimbra)

     Uma vez me chamaram de vivíparo. Fiquei chateado. Não que tenha algo contra os vivíparos, não tenho, até os acho simpáticos. Mas que mania é essa de dizer quem sou ou o que devo fazer?
     Tem sido assim a vida toda. As pessoas gostam de classificar as outras pessoas. Sou um grande mamífero; certo, bípede; tudo bem. Jornalista, filho da dona Diva, pai do Bernardo; até aí estamos no terreno das exatas. Mas e quando vem um gaiato e pergunta se sou um machista ou um tarado ou um comunista ou um neoliberal ou qualquer outra coisa? Tudo muito subjetivo. Aí tenho que ficar me explicando. O que é inútil. Aquela pessoa já me rotulou, catalogou e arquivou na pasta, digamos dos machistas. E de vez em quando ela vem e reclama:
     - Você não pode ser machista, você é um formador de opinião.
     Eu? Formador de opinião? Por Deus: nunca formei uma única opinião até hoje. Não que não tenha tentado. Minha mãe, por exemplo. Às vezes tento formar a opinião dela. Não consigo. Ela não concorda comigo. Meus amigos, volta e meia esforço-me para dar um formada nas opiniões deles. Em vão. Eles não mudam um milímetro da idéia. E os leitores. Jamais um leitor admitiu que formei a opinião dele. Não. O leitor vem e diz:
     - Que legal aquilo que você escreveu. É exatamente o que eu penso!
     Ou seja: ele concordou com a minha opinião porque é a opinião DELE. Ele só concorda com ele mesmo. Logo, não preciso dar explicação sobre o que sou ou deixo de ser. Não faz diferença.
     Mesmo assim, admito que às vezes é interessante ouvir a opinião dos outros sobre quem sou. Sobretudo das autoridades.
Em quase todas as empresas nas quais trabalhei, tive de participar de cursos, e aí já estamos na categoria das coisas que as pessoas querem que eu faça. Cursos. Pois bem. Esses cursos, eles são muito interessantes. Uma vez me colocaram num curso de Excel. É um programa de computador aí. Não me lembro exatamente como funciona, mas parece ser bastante útil para administradores e tal.
     Também assisti a inúmeros cursos de gestão, e foi neles que ouvi opiniões de autoridades sobre a minha pessoa. Por autoridades refiro-me a psicólogos. É espantosa a capacidade dos psicólogos. Havia uma época em que os psicólogos lhe davam uma folha de papel e um lápis e mandavam que você desenhasse uma árvore. O truque era desenhar o chão sob a árvore. Se você não desenhasse o chão, seria reprovado. Todo mundo sabia disso do chão, você tinha de passar por um teste psicológico e as pessoas advertiam:
     - Não esquece de desenhar o chão! Tem que desenhar o chão!
     Desenhei muito chão em teste psicológico. Depois, imagino que os psicólogos tenham percebido que a história do chão estava manjada e mudaram tudo. Eles agora pegam você e alguns dos seus colegas e colocam todos em uma sala. Depois dividem a turma em grupos, como no colégio. Dão tarefas para cada grupo: montar uma casa de lego, formar um tabuleiro de xadrez com algumas peças de madeira, caminhar de olhos fechados sobre uma linha pintada no chão. Você passa 40 minutos fazendo essas coisas e depois disso os psicólogos dizem quem é você, se pode ou não ser chefe, se deve ser demitido ou promovido. Tudo com base na ciência. Impressionante.
     Conheço algumas pessoas que foram largadas no meio do mato pelos professores de cursos de gestão, outros que foram obrigados a jogar rúgbi. Terminados os cursos, eles voltaram para suas empresas transformadas em ótimos chefes. Ciência pura. Impressionante.
     Mesmo assim, estou cansado de todas as pessoas que me dizem o que fazer ou o que sou. Não me importo nem se elas tiveram razão. Um vivíparo? Eu? Não venham me rotular. Não venham me dizer o que fazer. Falem por vocês mesmos.

Síntese reflexiva (ilha das flores, história das coisas, texto “As Três Ecologias”

Nessa perspectiva de transformação social, o desequilíbrio entre a população mundial está se tornando cada vez maior e produzindo realidades de desajuste e desigualdade.
A globalização e a evolução tecnológica, criamuma sensação de unificação e de progresso, mas se um  parte da sociedade é beneficiada, uma grande parcela de pessoas vive na miséria e excluída desta realidade progressista, e a corda acaba sempre rebentando no lado mais fraco. Hoje com os recursos da internet e da mídia, conseguimos em questão de segundos acessar veículos de comunicação e pessoas do outro lado do mundo, mas não conseguimos resolver o problema dos mendigos, dos usuários de crack, da discriminação, e detodas aquelas pessoas que fazem parte das camadas de vulnerabilidade, e que não se encontram do outro lado do mundo, más muitas vezes na esquina ou do lado de nossas casas.
Discrepante realidade, é substrato de uma cultura hedonista e muitas vezes indiferente. Vivemos de uma forma que descaracteriza as relações humanascomo um organismo vivo, onde tudo está interligado, onde todo o movimento  em comunicação com outro ponto vira uma reação em cadeia . Essa forma humana ou desumana de não responsabilização pelas mazelas sociais está chegando ao extremo.
A esquizofrênica realidade e a aparente construção de um mundo heparalelo, faz com que se produzaidentidades frágeis e superficiais, desmoronando em qualquer crise que se estabeleça.

Mitos/Mitologia Grega/Psicanálise

Mitos/Mitologia Grega/Psicanálise


     A mitologia grega é um conjunto de histórias e lendas sobre um grande número de deuses que faziam parte das crenças da civilização da Grécia Antiga. Esses deuses traziam em si, além das características físicas, os sentimentos humanos e todas as suas grandes questões, bem como suas grandes mazelas.
     Através do mito o homem buscava explicar sua origem no mundo, os fenômenos da natureza, a realidade, etc., através de seres considerados, superiores, imortais e poderosos: Os míticos deuses, semi-deuses e heróis e suas ações criadoras/destruidoras, geradoras de vida e morte.
     Mircéa Eliade, mitólogo, explica que o mito fornece modelos para conduta humana. Partindo desta afirmação e pensando sobre as maneiras como se constroem os mitos, surge a pergunta:  os homens forneceram/fornecem modelos para a conduta divina na constituição dos mitos? Parece óbvio que sim.
     Freud fez uso dos mitos para organizar suas descrições teóricas na psicanálise. A riqueza de “conteúdos humanos” nestas narrativas multisseculares permitiu que o criador da psicanálise localizasse com certa precisão todos os protótipos que ancoram suas descrições a cerca da vida inconsciente, objeto da psicanálise. Aliás, o próprio inconsciente pode ser considerado um mito: atemporal, invisível, onipresente, onipotente... Tal como os deuses do Olimpo (produtos do inconsciente?).

Os principais mitos utilizados por Freud:

O Mito Fundamental
O Mito do Falo e da Castração
O Mito da Horda Primitiva
O Mito das Protofantasias
O Mito da Cena Primária
O Mito de Narciso
O Mito da Pulsão
O Mito de Eros
Os Mitos de Eros e Tânatos

quinta-feira, 12 de maio de 2011

AMOR E SEXUALIDADE

Tema extremamente complexo e suscetível  de muitas  interpretações.  O modo como o  amor é tratado e vivido varia de acordo com aquele que o aborda e com    o
momento:  histórico, político, social e cultural em que vive.
       Tal afirmação significa que o amor não é algo natural, inerente ao ser, sentido e experimentado por todos da mesma maneira.
       Muito pelo contrário, o amor é sempre construído , datado e consequentemente passível de ser mantido, ordenado e alterado.
       Esta possível mudança diz respeito tanto ao indivíduo quanto a sociedade ao qual ele pertence. Ela ocorre em função das expectativas e práticas amorosas e das neces –
sidades  dos indivíduos, bem como do imaginário, dos costumes, das crenças e dos valo-res sociais vigentes.
       Ocorre então uma discrepância entre o que o indivíduo experimenta na prática o que seja  o amor e a teoria – o que ele idealiza, a sua concepção de amor.
       Assim a noção e as práticas amorosas foram sendo transformadas ao longo da história a partir de mudanças históricas, religiosas, sociais e culturais, temos   diversas classificações: o amor platônico, o amor cristão, amor cortês e o amor romântico.
       Paralelamente ao sentimento amoroso existem algo que é da ordem do juízo, por exemplo, ao fazer uma escolha amorosa há nessa ação um julgamento no qual   o indivíduo leva em conta suas experiências passadas e necessidades, seus valores, expectativas e ideais, isto é sua condição contextual de vida.
       Referindo-se agora a história da sexualidade a literatura aponta para um fenômeno importante o qual teremos no ocidente,  até o século XVIII diferenças com relação  ao amor fora do casamento e a partir daí o amor no casamento.
      Flandrin 1981 ressalta que o amor esteve na literatura ocidental pelo menos desde o século XII, mas este amor nunca é um amor conjugal.
       O casamento tinha por função não somente a união de reis e rainhas, príncipes e princesas, mas a união em todos os níveis da sociedade, ligando duas famílias  para que

       
      
   

     elas se perpetuassem de acordo com seus interesses práticos, mais do que  satisfazer o amor entre duas pessoas.
       O amor-paixão é aqui  essencialmente extra-conjugal.
        A partir do século XVIII,   este quadro se modifica. O erotismo extra-conjugal entra no casamento e o amor paixão é visto como modelo.
       Portanto a partir do Romantismo temos a interdependência entre a sexualidade e o amor e a sua satisfação ficou como sendo essencial na relação tanto a busca da relação  sexual quanto amorosa e também idéias de reciprocidade e exclusividade.
       O amor entra aqui como algo revolucionário é a quebra de valores vigentes até então, agora, no Romantismo, teremos o casamento aliado ao amor e não mais a conveniências.
       Para Lipovetsky- 2000 , as mulheres supervalorizam o amor    porque ele implica um reconhecimento de seu direito a exercer certa dominação sobre os homens, porque preconizam comportamentos masculinos que levam mais consideração a sensibilidade, a inteligência e a livre decisão das mulheres.
       Na contemporaneidade novas formas de amor e sexualidade teremos e Bauman nos fala brilhantemente sobre o tema no seu livro Amor Líquido.
       Segundo o autor vivemos a época de Modernidade Líquida onde a fragilidade dos laços humanos gera também : Amor Líquido.
       A insegurança inspirada  por essa condição estimula  desejos conflitantes de estreitar laços e ao mesmo tempo mantê-los frouxos. Z. Bauman radiografa esse amor e com essa percepção Bauman procura apreender de que forma esse homem sem vínculos         figura central de nosso tempo procura se relacionar.
        Em nosso mundo de furiosa individualização, os relacionamentos são bênçãos ambíguas. Oscilam entre    o sonho e o pesadelo.
       E não há como determinar quando um se transforma no outro.
        Esses dois avatares coabitam embora em diferentes níveis de consciência.
       No líquido cenário da vida moderna, os relacionamentos talvez sejam os mais comuns, agudos, perturbadores e profundamente   sentidos da ambivalência.
       Relacionamento o assunto mais quente do momento e aparentemente o  único jogo                                              

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que vale a pena, apesar de seus óbvios riscos.
        Bauman fala ainda em seu livro Amor Líquido sobre dois autores Mille e Dollard e seus experimentos com ratos, onde observaram que  os ratos atingirão o auge da excitação e da agitação quando a atração se igualou à repulsão ou seja, quando a ameaça do choque elétrico elétrico e a promessa de comida finalmente atingiram o equilíbrio.
       No auge da excitação atração é igual a repulsa.
       A agitação dos ratos resultava frequentemente em paralisia da ação. A incapacidade de escolher entre: atração e repulsão ; esperança e temores.
       Os homens pedem ajuda aos especialistas   em troca de honorários.
       Os habitantes de Leônia, cidade invisível de Ítalo Calvino, diriam que sua paixão   é desfrutar coisas novas e diferentes.
       E cabe indagar se a verdadeira paixão dos leoninos na realidade não seria o prazer de expelir, descartar, limpar-se de uma impureza recorrente, será que os habitantes de nosso mundo não são exatamente como os de Leônia, preocupados com uma coisa e falando outra ?
       Eles garantem que seu desejo, paixão, objetivo ou sonho é relacionar-se, mas será que na verdade não estão preocupados principalmente em evitar que suas relações acabem congeladas e coaguladas ? Estão mesmo procurando relações duradouras, ou seu maior desejo é que eles sejam leves e frouxos ? Afinal que tipo de conselho eles querem de verdade: como estabelecer um relacionamento   ou – só  por precaução como rompê-lo sem dor e com a consciência limpa ?
       Relacionamento ameaças vagas:
- prazeres do convívio  x horrores da clausura
       Talvez por isso em vez de relatar suas experiências e expectativas utitlizando formas como relacionar-se as pessoas falem cada vez mais em se conectar e ser conectado.
       Em vez de parceiros preferem falar em rede. Quais os méritos da linguagem da conectividade que estariam   ausentes da linguagem dos relacionamentos ?
      






       Na rede temos duas possibilidades ser: conectado ou desconectados.
       Nelas as conexões são estabelecidas e cortadas por escolhas.
       A hipótese de um relacionamento, indesejável , mas impossível de romper é o que          torna relacionar-se a coisa mais traiçoeira que se possa imaginar. Mas uma conexão indesejável é um paradoxo. As conexões      são rompidas e o são, muito antes que se comece a detestá-las.
       Diferente dos relacionamentos reais é fácil entrar e sair de relacionamentos virtuais, rebatizados de conexões.
       Sintetizando relacionar-se torna a coisa mais pesada, mais traiçoeira diferente das conexões virtuais   que  são inteligentes, limpas, fáceis de usar compreende e manusear.
       Quando se é traído   pela qualidade busca-se a desforra na quantidade na rede.a
       Bauman coloca ainda que poucas coisas se comparam tão bem como amor e morte, o amor realizado é a morte. Cada chegada de um dos dois é sempre única,  mas também definitiva, não permite recurso nem prorrogação.
       Nem no amor nem na morte pode-se penetrar   dois vezes. Chegada o momento  o amor e a morte atacarão, pegarão você desprevenido”. Bauman.

Representações

                 Numa sociedade, um indivíduo é um ator e representa papéis de acordo com o momento, com o público, e com o cenário que está. Quando isso ocorre, necessita-se que o público acredite no que pretende passar o ator. Quando ocorre do próprio ator não acreditar no que faz ele é chamado de "cínico" e quando ele está convencido de seu ato é chamado de "sincero". Na representação, a fachada é um componente importante, pois, por exemplo, quando um ator representa algo num cenário, não conseguirá convencer um público, com esssa mesma representação em outro cenário, além dessa fachada(ambiente), há a fachada pessoal (vestuário,sexo,idade,etc.).
                   Goffman coloca todos os elementos do atuar em consideração: um ator atua em uma posição onde há o palco e os bastidores: há relação entre a peça e sua atuação, ele está sendo visto por um público, mas ao mesmo tempo, ele é o público da peça encenada pelos espectadores. Como o público muda, garante-se ao indivíduo que ele não representará papéis para as mesmas pessoas. Pode ocorrer de o ator ser mal interpretado pelo público. Uma realidade causada por uma representação é muito delicada e qualquer contratempo pode quebrá-la. O público, também, corre o risco de ser enganada pelo ator, o indivíduo que mente uma vez terá seus atos desacreditados, contestados, podendo ter sua dignidade destruída.
                     Enfim, Goffman serve-se de uma linguagem teatral, como estrutura de exposição dos conteúdos, pois o homem em sociedade sempre utiliza formas de representação para se mostrar a seus semelhantes.

AS TRÊS ECOLOGIAS

O autor fala-nos das três ecologias que são a  ambiental, a social e a  mental; o meio ambiente, as relações sociais  e a  subjetividade humana e sua articulação,   ele denomina:   ecosofia.
                            A partir daí faz uma análise social em que aponta algumas questões em relação ao futuro da humanidade como: que finalidade terá a disponibilidade das forças produtivas diante de todo o desenvolvimento maquínico redobrado pela  revolução informática ?  E  responde com outra pergunta
 terá como resultado o desemprego, a marginalidade, a solidão, a angústia, a neurose ou desenvolvimento da cultura, da arte, da criação, da pesquisa, da re-invenção do meio ambiente de outros modos de vida?
                            A ponta ainda que a verdadeira  resposta a crise ecológica só virá se for em escala planetária, com uma revolução que englobe a política, o social e o cultural. E deverá ir além abarcando não só as forças visíveis, mas também os domínios de sensibilidade, de inteligência e de desejo.
                            Segundo o autor esta chegando ao fim os tempos em que o antagonismo leste-oeste , operário-burguesia predominavam, agora  será que virão uma complexa problemática das três ecologias a substituir as lutas de classes e seus mitos de referência ? 
                            Quanto a proliferação crescente da miséria concordo com o autor ainda fará parte do monstruoso sistema de estimulação do Capitalismo Mundial Integrado.
                        Quanto maior a riqueza maior a geração de miséria própria do CMI, e a incapacidade das forças sociais e subjetivas se apropriar desses meios.
                        O CMI tende cada vez mais a se reformular  descentralizando seus  focos de poder das estruturas de produção de bens e serviços para as estruturas produtoras de signos, de sintaxe e de subjetividade, por intermédio do controle que exerce sobre a mídia, a publicidade, as sondagens. O seu objeto é um só bloco produtivo-econômico-subjetivo.
                        O poder capitalista se deslocou, se desterritorializou ampliando seu domínio sobre a vida social, econômica e cultural do planeta, assim sendo não é possível se opor a ele apenas de fora, através de práticas sindicais e políticas tradicionais  que na realidade reproduzem as relações de dominação e opressão próprias do sistema capitalista.
                        Precisamos uma imensa reconstrução das engrenagens sociais para começar pensar em enfrentar o CMI, com a promoção de práticas inovadoras, pela disseminação de experiências alternativas, centradas no respeito a singularidade e no trabalho permanente de produção de subjetividade, que vai dando autonomia.
                        Portanto concordo com Guattari devemos ser solidários e respeitarmos as singularidades, promovendo o processo criativo abrindo para as novas possibilidades de vida que são múltiplas e devem ser respeitadas.

O PONTO DE MUTAÇÃO -

    Nas últimas duas décadas estamos presenciando uma crise multidimensional e extremamente complexa, pois ela faz parte de um movimento de transição histórica  e de  envolvimento planetário, chegando mesmo a uma ameaça à própria raça humana, prova disso são os investimentos nucleares, em detrimento ao social, um desequilíbrio cruel e assustador, próprio do capitalismo mundial integrado.
     A tecnologia encontra-se num processo veloz de  desenvolvimento,  gerando em contrapartida sérias  perturbações no sistema ecológico mundial,  outro aspecto preocupante são as doenças crônicas e degenerativas, chamadas doenças da civilização, as enfermidades cardíacas, o câncer e o derrame. Quanto as psicológicas: a depressão grave, a esquizofrenia e outros distúrbios de comportamento.
    A desintegração social, crimes, suicídios, aumento do consumo de drogas, crianças com deficiência de aprendizagem, acidentes são marcas de nosso tempo. Paralelo as patologias sociais já mencionadas temos as anomalias econômicas, onde a concentração de renda geradora de uma profunda desigualdade social, próprias do capitalismo só faz encaminhar o homem para sua destruição caso não ocorra uma reversão global,  estrutural.
    Os especialistas já não dão conta de suas especialidades, por exemplo: os oncologistas estão confusos acerca das reais causas do câncer, os psiquiatras são mistificados pela esquizofrenia, a polícia vê-se impotente diante dos criminosos. Isso significa dizer que os problemas   não podem mais serem tratados individualmente porque são sistêmicos, isto é estão intimamente ligados e são interdependentes, a sua resolução só será possível se for feita uma profunda transformação nas nossas instituições sociais, nos  nossos valores e idéias, ou seja uma mudança de paradigma.
    O autor salienta ainda que devemos substituir    a noção de estruturas sociais estáticas por padrões dinâmicos de mudança, vista por esse lado, a crise pode ser entendida como um aspecto de transformação, para os chineses crise é  composto por: perigo e oportunidade.
    Empódocles atribui as mudanças no universo ao fluxo e refluxo de duas forças: o amor e o ódio.
    O autor fala-nos ainda que a estagnação, a uniformidade, a ausência de inventividade, a perda da flexibilidade, numa sociedade já em desintegração levam a ruptura social e discórdias, guerras.
    Mas a capacidade de resposta da sociedade não se acha perdida, novos processos criativos e desafios surgiram.
    Capra  destaca  as transições porque passamos que são três: o declínio do patriarcado com o conseqüente aumento do movimento feminista; o declínio do combustível fóssil e o aumento dos renováveis, o solar, implicando transformações radicais nos sistemas econômicos e políticos; terceiro relacionados aos valores culturais mudança de paradigma, isto é profunda mudança no pensamento, valores.
    Nossos valores se diferem profundamente dos  da Idade média, em decorrência da Revolução científica, o Iluminismo, a Revolução Industrial, sendo que  esses, atualmente  já se encontram seriamente limitados e necessitam de uma revisão radical, passando por mudanças flutuantes de valores sobre todos os aspectos da sociedade,  o sociólogo Sorokim nos traça um mapeamento extremamente  interessante.
    Ele destaca três sistemas de valores , ou expressão cultural:
-- o sensualista: predomínio da matéria , Descartes, Newton, valores Iluministas, Revolução Industrial;
- o ideacional: predomínio do espiritual, justiça, verdade,  cristianismo, idade média;
- o idealístico: representa a combinação harmoniosa dos dois acima, podendo ser   exemplificado com  a Grécia dos séc. V e IV AC e a Renascença européia.
    A análise de Sorikim é importante e convincente, pois coloca que a crise que estamos vivenciando não é uma crise qualquer, mas uma fase de grande transição, como a que ocorreu nos dois ciclos anteriores da história humana.
    Segundo Lewis  Munford, em toda história da civilização     ocidental tivemos pouquíssimos ciclos:
    - surgimento da civilização, com o advento da agricultura, no começo do Neolítico;
    - ascensão do cristianismo na época de queda do Império Romano e a
    - transição da Idade Média para a idade Científica;
    - e transição de agora que poderá ser bem mais dramática.
    O autor destaca ainda que o modelo de Descarte  dividiu espírito e matéria concebendo o universo como um sistema mecânico separado, o que continua  prevalecendo na maioria de nossas ciências e sofrendo influência em muitos aspectos de nossa vida. Gerou as separações de nossas disciplinas acadêmicas, entidades governamentais, esquartejando o meio ambiente natural, deixando explorar  por  diversos grupos de interesses distintos e opostos.
    Chegou a hora da mudança de paradigma, esta visão dualista, cientificista,  rígida não dá  mais conta  atualmente dos nossos  problemas que são  múltiplos e complexos, exigindo iniciativas inovadoras,flexíveis e saudáveis.
GRUPO: ROSMERI, MARCELO, MARCO, ADRIANO.