quinta-feira, 30 de junho de 2011

Alguns destaques do livro " MANICÔMIOS, PRISÕES E CONVENTOS"

 AUTOR: ERVING GOFFMANN
As instituições totais podem ser divididas em 5 categorias:
1-    Instituições criadas para cuidar de pessoas incapazes de cuidar de si mesmas, inofensivas, indefesas, como idosos, órfãos, cegos, indigentes;
2-    Instituições criadas para cuidar de pessoas incapazes de cuidar de si mesmas e que são também uma ameaça a outras pessoas, a comunidade, que são os sanatórios para os doentes mentais, para os tuberculosos, os leprosos;
3-   Instituições totais para proteger a comunidade das outras pessoas que são as cadeias;
4-   Instituições para realizar de modo mais adequado o trabalho, como quartéis, internatos, colônias, grandes mansões;
5- Instituições que são refúgio do mundo, os mosteiros, conventos para os religiosos.

Quando resenhamos as diversas instituições coloca , Goffmann algumas são mais fechadas que outras, pois além do espaço físico existe o aspecto psicológico.
Um ponto central é que todas:  rompem com o processo natural da vida que é o de dormirem em determinado local, brincar em outro, trabalhar em outro, tudo isso com diferentes pessoas e sob diferentes autoridades e passarem a realizarem todas essas funções, ou seja todas as esferas da vida em um mesmo local e sob uma única autoridade.
Segundo ponto destacado é que cada fase de atividade diária é realizada na companhia imediata de um grupo de pessoas, relativamente grande, todas elas tratadas da mesma   forma e obrigadas fazerem as mesmas coisas e em conjunto.
Terceiro ponto essas atividades tem normas, regras extremamente rígidas e impostas de cima sem negociação.
Finalmente todas as varias atividades são reunidas em um plano racional único para atender aos objetivos oficiais da instituição.
O que são encontrados também em outros locais além das instituições totais, como por exemplo em:
-  estabelecimentos comerciais;
- estabelecimentos industriais;
- estabelecimentos educacionais;
     Cada vez mais com a introdução de refeitórios padronizados, uniformes, recursos de distração para seus participantes,  nos  moldes das instituições totais.
Dentro das I. Totais existem uma divisão:
1-    grupo dos internados;
2-    equipe de dirigentes, supervisores
Cada agrupamento tende a conceber o outro através de esteriótipos, em que os dirigentes vêem os internados como:
1-    amargos;
2-    reservados;
3-    culpados;
4-    não merecedores de confiança.



Em contrapartida os internados vêem os dirigentes como:

1-    condescendentes;
2-    arbitrários;
3-    mesquinhos;
4-    corruptos.
Os dirigentes tendem a se sentirem superiores, corretos.
Os internados tendem a se sentirem pelo menos sob alguns aspectos:
1-    inferiores;
2-    fracos;
3-    censuráveis;
4-    culpados.
Há uma grande distância social entre eles: Goffmann destaca: “até a conversa entre as fronteiras pode ser realizada em tom especial de voz”, com restrições de informações ocultando por exemplo:
1-    destino de viagem quando faziam, mesmo para alguma outra enfermaria;
2-     ocultamento de diagnostico;
3-    Tempo de internação;
4-    Autorização de visitas;
5-    Telefonemas.
Todas essas restrições dão uma base especifica da distancia e o controle dos dirigentes e seus internados, conservando os esteriotipos antagônicos.
O Mundo do Internado
Quando a estada é muito longa ocorre o que o autor chama de  desculturamento;  destreinamento; que o torna temporariamente incapaz.
Ao entrar em uma Instituição Total começa uma serie de rebaixamentos:
1-    degradações;
2-    humilhações;
3-    profanação do eu, pois o seu “eu” é sistematicamente mortificado.
As Principais Mortificações do Eu que as I. Totais promovem:
1-    barreiras entre o internado e o meio externo, com proibições iniciais de visitas e proibições de saídas o que assegura uma ruptura com os papéis anteriores;
2-    morte civil:  não compra, não participa de processos decisórios, não vê filho crescer;
3-    procedimentos padrão desde o seu ingresso: despe-se de todos os seus bens, corta-se o cabelo, diz-se suas obrigações de respeito, bem como maneiras de se comportar.
Ou  ele se revolta ou obedece sempre.
Os momentos iniciais de socialização podem incluir um teste de obediência ou um desafio de quebra de vontade; um internado que se mostre insolente pode receber castigo imediato e visível que aumente ate que explicitamente peça perdão ou se humilhe.
Sem chaves, sem bens  o internado pode ser obrigado a mudar de cela a fim de que não fique ligado a ela.
Psicologicamente um conjunto de bens individuais tem uma relação muito grande como “eu”. A pessoa geralmente tem um certo controle da maneira de se apresentar diante dos outros, para isso normalmente utiliza-se de cosméticos, roupas, e de locais para guardá-las: “estojo de identidades”, acessa a especialistas em apresentação: cabeleireiros, costureiros.


O que em uma I. Total todos esses       vínculos     são     cortados 
consequentemente a deformação pessoal é visível, gerando perda de sentido de segurança, angustia, alem das terapias de choque que geram o branquiamento dos cabelos o que para as mulheres principalmente é um  agravante abalo do “eu”.

Algumas Formas de Humilhação aos Internados:
1-    curvar-se;
2-    dirigir-se sempre com deferência: Sr., Sra;
3-    a equipe dirigente pode falar e gozar do internado como se não tivesse presente;
4-    em estabelecimentos militares o trabalho obrigatório com minúcias pode fazer com que os soldados sintam que seu tempo e esforço não tenham o menor valor;
5-    aceitar papeis que não se identificam;
6-    negação de relações heterossexuais pode provocar o medo da perda da masculinidade; 
7-    em campos de concentração os prisioneiros eram obrigados a surrar os outros presos.

Nas instituições Totais os territórios de “eu” são violados constantemente, pois as fronteiras que o individuo estabelece entre o seu ser     e o ambiente  é desrespeitada a todo momento.
Os presos e os doentes mentais    não podem impedir que os visitantes os vejam em circunstancias humilhantes.
Exemplo de outras humilhações: banheiros sem porta, tempo para ir urinar ou defecar.
Uma das formas mais eficazes de perturbar a “economia de ação” de uma pessoa é a obrigação de pedir permissão para realizar qualquer ato, desde um ir ao banheiro, pedir fósforos, lençóis limpos,  telefonar ou seja atividades secundarias que poderia ser realizadas sozinho.
Arregimentação: regras, regulamentos realizados em conjunto com outros grupos de internados.
No mundo externo a pessoa esta sob a autoridade de um único superior imediato, ligado ao trabalho ou sob a autoridade do cônjuge, na I. Total esta sob a autoridade de vários ao mesmo tempo.
Depoimento de um paciente:
“Sinto-me como algo entre um prisioneiro e um mendigo. Ao menor erro, ou sintoma nervoso, recusa de alimento, ofensa pessoal, a enfermeira me encaminha para a enfermaria “j””.
Até renunciar a certos níveis de sociabilidade com seus companheiros é um processo de mortificação que apresenta três problemas gerais: a I. T. perturbam as ações que na sociedade civil tem o papel de atestar que o autor é:
1-    adulto;
2-    tem autonomia;
3-    tem liberdade de ação.
A impossibilidade de manter esse tipo de competência executiva adulta,  ou pelo menos os seus símbolos pode provocar no internado o horror de sentir-se infantilizado.
Ele não pode nem externalizar o seu descontentamento para os seus familiares, pois corre o risco de ser usado como prova de seu estado psiquiátrico, religioso ou consciência política da pessoa.
Em um mosteiro contemporâneo,tudo serve para lembrar quem somos e quem é Deus.

Isso é complementado pela automortificação:
1-    restrição para renuncia;
2-    autoflagelação;
3-    inquisição para confissão .

Possíveis conseqüências:
1-    perda do sono;
2-    indecisão crônica;
3-    insuficiência de alimentação
4-    angústia.

                   O internado usara de diferentes táticas para adaptar-se
                   1-tatica do afastamento da situação: deixa de dar atenção ao 
                  a tudo, com exceção ao seu corpo tudo o resto ele se afasta;
         2-tática da intransigência: nega-se a cooperar;
         3-colonização:  o pouco do mundo externo que é dado ao
         estabelecimento é considerado para o internado como o todo,   
         e uma existência estável relativamente satisfatória, colonizado
         satisfeito com a instituição;
          4-a conversão: modo de adaptação ao ambiente o interno
          Parece aceitar a interpretação oficial e ser o interno perfeito.


         Se o colonizado constitui na medida do possível uma           
         Comunidade livre para si mesmo, o convertido aceita uma  
         Tática mais disciplinada, moralista e esta sempre a disposição.




Diferenças das Instituições Totais

Alguns doentes mentais da classe baixa dos hospitais psiquiátricos  que vieram de: orfanatos, reformatórios e cadeias, tendem a ver o hospital apenas como outra instituição na qual podem aplicar as técnicas de adaptação já
Apreendidas e aperfeiçoadas em instituições semelhantes.
A viração não representa uma carreira moral, mas uma tática que já faz parte de sua segunda natureza.
Alguns temas predominantes da cultura do internado: cria histórias tristes, um tipo de lamentação ou defesa, o “eu” do internado é o foco de interesse, com excesso de piedade de si mesmo, o que a equipe diretora constantemente desmente.

Objetivos confessados da Instituição:
1-    realização de objetivos econômicos;
2-    educação e instrução;
3-    tratamento medico ou psiquiátrico;
4-    purificação religiosa;
5-    proteção da comunidade mais ampla e segundo  sugestão
de um estudioso das prisões, incapacitação, retribuição, intimidação e reforma.
Segundo Goffmann existem esquemas de interpretação da I. T. que começam a atuar automaticamente logo que o internado e admitido, um homem quando é colocado:
1-    numa prisão política: traidor;
2-    numa cadeia: um delinqüente;
3-    num hospital psiquiátrico: deve estar louco, senão por que estaria aí?

Essa identificação automática não é apenas uma forma de dar nomes, mas também esta no centro de um meio básico de controle social. Todos os desejos e pedidos por mais razoáveis que sejam por parte do internado são considerados pela equipe como prova da doença mental, um SINTOMA.
A normalidade nunca é reconhecida pelo auxiliar num ambiente em que a anormalidade é a expectativa normal, e reforçada pelos médicos.
Nas prisões encontramos um conflito atual entre a teoria psiquiátrica e a teoria da fraqueza moral do crime. Nos conventos encontramos teorias a respeito das formas pelas quais um espírito pode ser  forte ou fraco.
Existe a crença que se um   homem for levado ao seu estado de ruptura será depois incapaz de apresentar qualquer resistência.

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