domingo, 8 de setembro de 2013

RESGATE DE JOVENS CARENTES E MARGINALIZADOS


Fala-se muito em ações solidárias ou atitudes que incentivem à prática social, como ajudar pessoas necessitadas, excluídas e marginalizadas, entretanto, a própria sociedade exclui. A exclusão social se evidencia na ausência de valores humanos, revelando um mundo vinculado ao mercado competitivo, onde o domínio da matemática e da gramática é a proposta educativa para a formação, a qual visa ao vestibular e posteriormente ao mercado de trabalho. E como ficam os jovens que não tem acesso a essa informação? A resposta parece ser óbvia: ficam no submundo do narcotráfico, da prostituição e da delinquência, cujos efeitos são devastadores para a sociedade. Tanta energia e potencial criativo de milhões de jovens, perdidos pela falta de acesso à educação e a formação profissional.


PROJETO PESCAR
O Projeto Pescar, idealizado e criado pelo gaúcho, Geraldo Tollens Linck na década de 70, teve por inspiração o conhecido provérbio chinês: “Se deres um peixe a um homem faminto, vais alimentá-lo por um dia; porém, se o ensinares a pescar, vais alimentá-lo por toda a vida”. (Lao Tsé). Em um período de silêncios e incertezas, a iniciativa, a princípio utópica, do empresário destoava do regime daquele momento, pois a ditadura militar não só limitava as liberdades, como também vigiava, através da censura, quaisquer ações desencadeadas pela sociedade civil.
O sonho de concretizar uma ação que oportunizasse o resgate de jovens carentes e marginalizados surgiu quando o empresário, ao sair de uma reunião, na sede da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, assistiu a um assalto. Aquela cena o marcou sobremaneira: um adolescente de pouco mais de 14 anos havia assaltado um idoso no centro da capital gaúcha. Passada a revolta do primeiro momento, o senhor Linck resolveu, por sua conta, iniciar um trabalho de ajuda de meninos e meninas pobres. Porto Alegre contava então com quase um milhão de habitantes e enfrentava os problemas normais de uma grande metrópole: violência e pobreza.
Esse era o cenário da época, quando surgiu o PESCAR, um projeto que tinha nos slogans “oportunidades que transformam vidas” e “empresa socialmente responsável”, os pensamentos e ações dos empresários envolvidos. Pioneiro no Estado, o PROJETO PESCAR norteou-se pela qualificação de jovens que, em sua maioria, viviam em situação de pobreza e exclusão social. Jovens que sentiam perder a sua autoestima e a sua identidade de pertencer a um grupo social organizado, pois além de emprego e renda, faltavam-lhe o acesso à moradia decente, à cultura e aos serviços sociais, como educação e saúde.
Atualmente, já são mais de treze mil jovens atendidos pela fundação em todo o Brasil, desde a sua criação. Com sede em Porto Alegre, possui núcleos em outros estados, entre eles, Santa Catarina, São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Ceará, Pernambuco e Bahia. Também possui unidades na argentina e Paraguai. Desta forma, a experiência bem sucedida do senhor Linck se expandiu pelo País e exterior, transformando-se na Fundação PROJETO PESCAR, uma organização não governamental, sem fins lucrativos, e que possui, como mantenedoras, uma série de empresas privadas e públicas.
Na Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul, a PROCERGS, o Projeto Pescar foi introduzido em 2006, tornou-se uma das iniciativas do Programa de Responsabilidade Social da Empresa, O PROCERGS SOCIAL. Desde então, a cada final de ano, após encerrar-se o ciclo de aprendizagem e de estágios em alguns setores da Companhia, formam-se jovens que são imediatamente encaminhados ao mercado de trabalho. São adolescentes que, ao concluir o PESCAR, podem vislumbrar uma nova perspectiva de vida. Isso se verifica no testemunho de alguns alunos, para eles o Projeto significa a possibilidade de uma nova vida. Conforme Tahylyne Almeida, umas das alunas de 2009, a experiência foi enriquecedora: “O Projeto Pescar agregou muitas coisas na minha vida, fez com que eu olhasse o mundo de outra forma.Me fez que todos os meus sonhos poderiam virar realidade. É só querer, correr atrás e, principalmente, se qualificar para que se torne real”.
Sob a orientação de uma assistente social, que é uma funcionária da empresa, o projeto desenvolve-se nas dependências do Centro de Treinamento, situado à zona sul da cidade, no bairro tristeza, e tem por objetivo não só a transmissão de conteúdos relacionados à informática área de atuação da Companhia, como também outros temas que dizem respeito principalmente à cidadania.


CAMPO DE ESTÀGIO
Este ano o Centro Universitário Metodista (IPA), formalizou uma parceria com a PROCERGS para campo de estágio na área da psicologia, foi nesse espaço em que me inseri para poder realizar o meu estágio de EB IV. O problema que foram poucos encontros lá realizados, em virtude das tratativas verbais e acordos que ainda se faziam necessários entre os coordenadores, tanto do IPA como da PROCERGS. Esses encontros até o momento em que aqui escrevo foram dois apenas, ainda teremos mais um na semana que vem, mas não poderei mais escrever sobre ele, por isso, aqui vou procurar sintetizar o que se passou nos dois encontros por mim presenciado.
A turma é composta de vinte e dois alunos, todos eles estudam durante a manhã, e se apresentam às 13:30min. , no Projeto Pescar, onde ficam até às 17:30min. Aliás, estudar é um dos pré-requisitos para poder participar do projeto. Neste período da tarde, eles têm aula, de informática, conteúdos com enfoque na cidadania, esportes, trabalho manuais, jogos, relações interpessoais, etiqueta pessoal e profissional. Parece ser um grupo bem unido, todos se preocupam um com o outro, o que percebi com aquele grupo foi um aspecto de família, eles se consideram uma família. Cada semana é, designado um líder da turma, essa pessoa zela por todos do grupo. Eles usam uma camisa do Projeto Pescar como uniforme. No primeiro encontro basicamente fizemos a apresentação, percebi que o acolhimento foi feito de fato por eles, ao nos receberem de forma atenciosa, sendo receptivos, demonstrando atenção, e participando de forma animada das atividades propostas. Na verdade esse grupo já está pensando na formatura que acontece no fim do ano, então nossos planos de realizar um trabalho mais aprofundado em demandas específicas, já não se fazia necessário, pois o tempo era curto. A princípio fizemos uma dinâmica de apresentação, onde eles, foram separados em dupla e foi dado um tempo para que eles conversassem entre eles, divulgando suas experiências, seus comportamentos a melhorar, seus cursos, idade, moradia, enfim suas expectativas de vida, depois cada um apresentava seu colega para nós da psicologia. Apresentar o outro remete a necessidade de saber ouvir, de empatizar-se pelo próximo, analisar e sintetizar informações, o que torna esta atividade rica a avaliação não apenas de apresentação, mas de performance. Nessa atividade houve uma boa participação de todos, o que me chamou a atenção, é o entrosamento entre eles, aliás, esse é o testemunho que ouvimos deles, que eles se respeitam e aprendem juntos, realmente eles se consideram uma família. Usamos também a dinâmica de completar as frases, uma atividade que rendeu muitas discussões e movimentou muito o grupo, eles gostaram muito desta atividade. Entendemos que esta atividade propicia de certa forma aos participantes, entender que as pessoas pensam diferentes e há espaços para diálogos abertos, entendimentos diferenciados e as mudanças adequadas depois de uma reflexão conjunta diante de todas as propostas. No último encontro senti a falta de um jovem, que era bem extrovertido, tocava violão e um de seus sonhos era ser músico, seus colegas relataram que ele foi desligado do projeto por não estar indo as aulas do colégio. Todos ali ficaram bem tristes.
CONSIDERAÇOES FINAIS
Embora tenha sido pouco tempo a minha convivência no Projeto Pescar, pude perceber claramente a diferença que faz na vida dos jovens, realmente ocorre sim um resgate desses jovens, que de outra maneira provavelmente estariam inseridos em um contexto bem diferente. Talvez muitos ainda se percam pelo caminho, mas sem dúvida muitos vão encontrar belas perspectivas de vida. Esse exemplo nos mostra o quanto se pode fazer pelos outros, o quanto as empresas podem contribuir, e o quanto nós como cidadãos também podemos participar e ajudar neste processo. Pude perceber olhando para cada rosto daqueles adolescentes, a alegria deles por estarem tendo uma chance na vida, eles demostravam alegria no que estavam fazendo. Esse espaço de estágio, é um campo muito bom para aprendizado para estágios, lamento apenas o tempo que foi muito curto. Ali também existe uma demanda muito grande para atendimento individual, que poderia ser aproveitado. Sem dúvida o PROJETO PESCAR, contribui e muito para o resgate de jovens carentes e marginalizados na busca de um novo horizonte para suas vidas, enfim um belo projeto.




REFERÊNCIAS
escolhadaprofissao.blogspot.com
pepsic.bvsalud.org- Práticas Sociais

















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