RESGATE DE
JOVENS CARENTES E MARGINALIZADOS
Fala-se
muito em ações solidárias ou atitudes que incentivem à prática
social, como ajudar pessoas necessitadas, excluídas e
marginalizadas, entretanto, a própria sociedade exclui. A exclusão
social se evidencia na ausência de valores humanos, revelando um
mundo vinculado ao mercado competitivo, onde o domínio da matemática
e da gramática é a proposta educativa para a formação, a qual
visa ao vestibular e posteriormente ao mercado de trabalho. E como
ficam os jovens que não tem acesso a essa informação? A resposta
parece ser óbvia: ficam no submundo do narcotráfico, da
prostituição e da delinquência, cujos efeitos são devastadores
para a sociedade. Tanta energia e potencial criativo de milhões de
jovens, perdidos pela falta de acesso à educação e a formação
profissional.
PROJETO PESCAR
O
Projeto Pescar, idealizado e criado pelo gaúcho, Geraldo Tollens
Linck na década de 70, teve por inspiração o conhecido provérbio
chinês: “Se deres um peixe a um homem faminto, vais alimentá-lo
por um dia; porém, se o ensinares a pescar, vais alimentá-lo por
toda a vida”. (Lao Tsé). Em um período de silêncios e
incertezas, a iniciativa, a princípio utópica, do empresário
destoava do regime daquele momento, pois a ditadura
militar não só limitava as liberdades, como também vigiava,
através da censura, quaisquer ações desencadeadas pela sociedade
civil.
O
sonho de concretizar uma ação que oportunizasse o resgate de jovens
carentes e marginalizados surgiu quando o empresário, ao sair de uma
reunião, na sede da Federação das Indústrias do Rio Grande do
Sul, assistiu a um assalto. Aquela cena o marcou sobremaneira: um
adolescente de pouco mais de 14 anos havia assaltado um idoso no
centro da capital gaúcha. Passada a revolta do primeiro momento, o
senhor Linck resolveu, por sua conta, iniciar um trabalho de ajuda de
meninos e meninas pobres. Porto Alegre contava então com quase um
milhão de habitantes e enfrentava os problemas normais de uma grande
metrópole: violência e pobreza.
Esse
era o cenário da época, quando surgiu o PESCAR, um projeto que
tinha nos slogans “oportunidades que transformam vidas” e
“empresa socialmente responsável”, os pensamentos e ações dos
empresários envolvidos. Pioneiro no Estado, o PROJETO PESCAR
norteou-se pela qualificação de jovens que, em sua maioria, viviam
em situação de pobreza e exclusão social. Jovens que sentiam
perder a sua autoestima e a sua identidade de pertencer a um grupo
social organizado, pois além de emprego e renda, faltavam-lhe o
acesso à moradia decente, à cultura e aos serviços sociais, como
educação e saúde.
Atualmente, já são mais de treze mil jovens atendidos
pela fundação em todo o Brasil, desde a sua criação. Com sede em
Porto Alegre, possui núcleos em outros estados, entre eles, Santa
Catarina, São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Ceará, Pernambuco e
Bahia. Também possui unidades na argentina e Paraguai. Desta forma,
a experiência bem sucedida do senhor Linck se expandiu pelo País e
exterior, transformando-se na Fundação PROJETO PESCAR, uma
organização não governamental, sem fins lucrativos, e que possui,
como mantenedoras, uma série de empresas privadas e públicas.
Na
Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul, a
PROCERGS, o Projeto Pescar foi introduzido em 2006, tornou-se uma das
iniciativas do Programa de Responsabilidade Social da Empresa, O
PROCERGS SOCIAL. Desde então, a cada final de ano, após encerrar-se
o ciclo de aprendizagem e de estágios em alguns setores da
Companhia, formam-se jovens que são imediatamente encaminhados ao
mercado de trabalho. São adolescentes que, ao concluir o PESCAR,
podem vislumbrar uma nova perspectiva de vida. Isso se verifica no
testemunho de alguns alunos, para eles o Projeto significa a
possibilidade de uma nova vida. Conforme Tahylyne Almeida, umas das
alunas de 2009, a experiência foi enriquecedora: “O Projeto Pescar
agregou muitas coisas na minha vida, fez com que eu olhasse o mundo
de outra forma.Me fez que todos os meus sonhos poderiam virar
realidade. É só querer, correr atrás e, principalmente, se
qualificar para que se torne real”.
Sob
a orientação de uma assistente social, que é uma funcionária da
empresa, o projeto desenvolve-se nas dependências do Centro de
Treinamento, situado à zona sul da cidade, no bairro tristeza, e tem
por objetivo não só a transmissão de conteúdos relacionados à
informática área de atuação da Companhia, como também outros
temas que dizem respeito principalmente à cidadania.
CAMPO DE ESTÀGIO
Este
ano o Centro Universitário Metodista (IPA), formalizou uma parceria
com a PROCERGS para campo de estágio na área da psicologia, foi
nesse espaço em que me inseri para poder realizar o meu estágio de
EB IV. O problema que foram poucos encontros lá realizados, em
virtude das tratativas verbais e acordos que ainda se faziam
necessários entre os coordenadores, tanto do IPA como da PROCERGS.
Esses encontros até o momento em que aqui escrevo foram dois apenas,
ainda teremos mais um na semana que vem, mas não poderei mais
escrever sobre ele, por isso, aqui vou procurar sintetizar o que se
passou nos dois encontros por mim presenciado.
A turma é composta de vinte e dois alunos, todos eles
estudam durante a manhã, e se apresentam às 13:30min. , no Projeto
Pescar, onde ficam até às 17:30min. Aliás, estudar é um dos
pré-requisitos para poder participar do projeto. Neste período da
tarde, eles têm aula, de informática, conteúdos com enfoque na
cidadania, esportes, trabalho manuais, jogos, relações
interpessoais, etiqueta pessoal e profissional. Parece ser um grupo
bem unido, todos se preocupam um com o outro, o que percebi com
aquele grupo foi um aspecto de família, eles se consideram uma
família. Cada semana é, designado um líder da turma, essa pessoa
zela por todos do grupo. Eles usam uma camisa do Projeto Pescar como
uniforme. No primeiro encontro basicamente fizemos a apresentação,
percebi que o acolhimento foi feito de fato por eles, ao nos
receberem de forma atenciosa, sendo receptivos, demonstrando atenção,
e participando de forma animada das atividades propostas. Na verdade
esse grupo já está pensando na formatura que acontece no fim do
ano, então nossos planos de realizar um trabalho mais aprofundado em
demandas específicas, já não se fazia necessário, pois o tempo
era curto. A princípio fizemos uma dinâmica de apresentação, onde
eles, foram separados em dupla e foi dado um tempo para que eles
conversassem entre eles, divulgando suas experiências, seus
comportamentos a melhorar, seus cursos, idade, moradia, enfim suas
expectativas de vida, depois cada um apresentava seu colega para nós
da psicologia. Apresentar o outro remete a necessidade de saber
ouvir, de empatizar-se pelo próximo, analisar e sintetizar
informações, o que torna esta atividade rica a avaliação não
apenas de apresentação, mas de performance. Nessa atividade houve
uma boa participação de todos, o que me chamou a atenção, é o
entrosamento entre eles, aliás, esse é o testemunho que ouvimos
deles, que eles se respeitam e aprendem juntos, realmente eles se
consideram uma família. Usamos também a dinâmica de completar as
frases, uma atividade que rendeu muitas discussões e movimentou
muito o grupo, eles gostaram muito desta atividade. Entendemos que
esta atividade propicia de certa forma aos participantes, entender
que as pessoas pensam diferentes e há espaços para diálogos
abertos, entendimentos diferenciados e as mudanças adequadas depois
de uma reflexão conjunta diante de todas as propostas. No último
encontro senti a falta de um jovem, que era bem extrovertido, tocava
violão e um de seus sonhos era ser músico, seus colegas relataram
que ele foi desligado do projeto por não estar indo as aulas do
colégio. Todos ali ficaram bem tristes.
CONSIDERAÇOES FINAIS
Embora
tenha sido pouco tempo a minha convivência no Projeto Pescar, pude
perceber claramente a diferença que faz na vida dos jovens,
realmente ocorre sim um resgate desses jovens, que de outra maneira
provavelmente estariam inseridos em um contexto bem diferente. Talvez
muitos ainda se percam pelo caminho, mas sem dúvida muitos vão
encontrar belas perspectivas de vida. Esse exemplo nos mostra o
quanto se pode fazer pelos outros, o quanto as empresas podem
contribuir, e o quanto nós como cidadãos também podemos participar
e ajudar neste processo. Pude perceber olhando para cada rosto
daqueles adolescentes, a alegria deles por estarem tendo uma chance
na vida, eles demostravam alegria no que estavam fazendo. Esse espaço
de estágio, é um campo muito bom para aprendizado para estágios,
lamento apenas o tempo que foi muito curto. Ali também existe uma
demanda muito grande para atendimento individual, que poderia ser
aproveitado. Sem dúvida o PROJETO PESCAR, contribui e muito para o
resgate de jovens carentes e marginalizados na busca de um novo
horizonte para suas vidas, enfim um belo projeto.
REFERÊNCIAS
escolhadaprofissao.blogspot.com
pepsic.bvsalud.org-
Práticas Sociais
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